Mário Maestri Taiwan nasceu como bunker estadunidense inconquistável, um porta-aviões natural, a duas braçadas do litoral da República Popular da China. E assim permaneceu por décadas. Por longo tempo, foram vãs as reivindicações da China sobre a grande ilha, e suas ameaças de recuperação pela força da província chinesa desgarrada, que os USA sempre tomaram como exercícios retóricos. Desde 1949, Taiwan é um protetorado que o imperialismo estadunidense não pretende emancipar. Hoje, porém, a situação inverteu-se. A China e a Formosa –nome dado pelos portugueses- não são mais as mesmas. As tropas chinesas podem desembarcar na ilha e conquistá-la, sem que talvez os USA ensaiem movimento militar efetivo para defendê-la, o que não é atualmente um compromisso assumido pelo imperialismo. A questão é: se podem, por que não o fazem? E, quando e como pretendem fazê-lo? Em fins de 1948, as tropas de Chiang Kai-shek [1887-1975], encontravam-se encurraladas no litoral pelo Exército Popular de Libertação chinês, apesar do apoio estadunidense. Sem saída, um milhão e meio de civis e o que restava do exército do Kuomintang [pró-burguês e pró-imperialista] refugiaram-se na ilha de Taiwan -na língua local-, protegidos pelos menos de 180 km de mar do estreito. Toda a armada chinesa acompanhara a retirada das tropas de Chiang Kai-shek. Nas décadas seguintes, a situação permaneceu imutável na República da China, designação grandiloquente do Estado fantoche fundado sob a proteção da marinha ianque. A poderosa 7ª Frota fora formada em 1943, tendo como base Yokosuka, no Japão, a mais de dois mil quilômetros da ilha de Formosa. Ao igual que a Itália e a Alemanha, países derrotados na II Guerra mundial, o Japão segue ocupado por importantes tropas ianques. [GUILLERMAZ, 1970; GUILLERMAZ, 1973.]