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Lima Barreto e o futebol


Link [2022-12-13 11:06:52]



Adilson Roberto Gonçalves O centenário de falecimento de Afonso Henriques de Lima Barreto se deu no último primeiro de novembro, dia de Todos os Santos, nome coincidente ao do bairro carioca em que morou. O autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma”, dentre outros, e dos contos “O homem que sabia javanês” e “A Nova Califórnia” foi pouco lembrado no centenário de sua morte. Beatriz Resende, uma estudiosa de sua obra, resgatou em artigo recente parte dessa curta, porém intensa, vida literária, com destaque para as sucessivas mortes raciais a que foi submetido, traçando o paralelo com o corrente mês da consciência negra. Não houve sequer edição especial de novembro da revista Quatro Cinco Um, especializada em livros, mesmo com enfática sugestão, ainda que sem lançamentos literários específicos para marcar a efeméride. E por que o escritor era contra o futebol? Isso se deu porque Lima Barreto considerava o futebol um esporte de elite. Eu seu diário íntimo, revela que sua oposição a esse esporte é porque ele contribuía para a “animosidade e a malquerença entre os filhos de uma mesma nação”. Chegou a fundar uma “Liga contra o football”, que, obviamente, não prosperou. Registremos que somente a partir da década de 1930 os negros passaram a ser admitidos nos clubes - ou agremiações - e a Copa do Mundo passou a ser disputada naquele ano no Uruguai, oito anos depois da morte de Lima Barreto. Talvez se tivesse tido a oportunidade de acompanhar desenvolvimento dessa modalidade esportiva, ainda mais que passou a ter uma ligação umbilical com os moradores periféricos, teria mudado ou lapidado sua opinião. Por outros motivos, também não vejo graça no ludopédio: há outras disputas esportivas, como o voleibol, muito mais dinâmicas e interessantes.



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