Mário Maestri Mesmo sendo de amplo conhecimento o conservadorismo de António Risério, suas investidas sobre a questão negra não deixam de ter utilidade. Elas levantam, vez e outra, espinhosas questões, jogadas para debaixo do tapete, sobretudo pelo transbordante movimento identitário negro e seus apoiadores. Questões sobre as quais a esquerda, que se reivindica do marxismo, se comporta, mais comumente, como os “três macaquinhos sábios” - não vi, não ouvi, não falo nada sobre elas. Espera, assim, escapar dos efeitos deletérios sobre seu eleitoralismo, caso avance a crítica radical que exige o identitarismo. Não que as provocações do midiático antropólogo contribuam para esclarecer o que, aqui e ali, desvela pertinentemente. Ao contrário. Ele abre frestas na janela, como quisesse iluminar, para fechá-las rapidíssimo, lançando seus leitores em ainda maior escuridão. E são pífias as respostas, de intelectuais negros identitários e de seus “companheiros de viagem” brancos, às revelações fugidias de Risério, de realidades de sentidos por ele cuidadosamente encobertos. Em geral, limitam-se a um rosário de impropérios contra o enunciador —alguns merecidos— e repetições de lugares comuns, tidos como axiomas, contra seus enunciados, em alguns casos, pertinentes, ainda que sempre pernetas.